segunda-feira, 16 de abril de 2012

Considerações sobre a rebelião no COMPAJAF - unidade prisional de Sergipe

Na tarde do domingo 15 de abril teve início a maior rebelião da história dos presídios sergipanos, no Complexo Penitenciário Advogado Antonio Jacinto Filho - COMPAJAF, em Aracaju - SE, encerrada na tarde da segunda-feira 16, após quase 27 horas de tensão, destruição e negociação. 


O COMPAJAF tem os serviços terceirizados pela empresa REVIVER, tendo 476 internos, ocupando exatamente sua capacidade instalada. Nos três anos de funcionamento da unidade, a REVIVER vem cumprindo o contrato com um bom desempenho nas diversas assistências previstas na LEP, material, saúde, social, jurídica, educacional, deixando a desejar na assistência religiosa em função do excesso de rigor na disciplina e segurança, o que desmotiva naturalmente os detentos de participarem dos cultos e reuniões, em função do constrangimento e opressão nas revistas e deslocamentos internos. Além das revistas, cães e algemas faziam parte da rotina no trajeto dos pavilhões à sala de visitas. Há relatos inclusive de humilhações e espancamentos. 
Na manhã quinta-feira 12 de abril algumas entidades religiosas, entre elas a Pastoral Carcerária, se reuniram com o promotor da Vara de Execuções Criminais Dr. Luís Cláudio e a direção do COMPAJAF onde fizeram um acordo visando adentrar até a base dos pavilhões dois missionários, em paralelo ao culto, para conversar e motivar diretamente os internos para as atividades religiosas, quinzenalmente durante uma hora.


Um outro componente de insatisfação: as famílias sofrem revistas vexatórias bem superiores ao que acontece nas demais unidades, o que acarreta para muitos internos a ausência da visita de parentes, que não aceitam se submeter ao constrangimento. Esta bomba relógio da insatisfação explodiu nesta rebelião, embora à cerca de um mês atrás já acontecera uma revolta e incêndio de colchões em um dos pavilhões, controlado e abafado pela administração. 
No episódio deste domingo e segunda-feira o Conselho da Comunidade na Execução Penal de Sergipe e a Pastoral Carcerária foram impedidos de entrar e cumprir sua missão constitucional de visitar os internos e ajudar na conciliação. O Conselho vai entrar com uma ação judicial contra a direção do COMPAJAF.

Veja  a seguir alguns links com reportagens sobre o passo-a-passo da rebelião, em que não houve mortes, mas muitos danos materiais e desgaste emocional, além de alguns feridos.



Um comentário:

  1. A revista rigorosa não é para constranger ninguém, e sim zelar pela integridade física dos agentes que trabalham na unidade e a inclusive também da integridades dos pastores e pastoras que vão pregar lá!

    Faça-me um favor viu?!

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